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09/06/2017 - ARTIGO - Reforma da Previdência, uma questão matemática
Por Nilson José Goedert
Muito temos lido e discutido sobre a reforma da Previdência. O governo a trata como ponto primordial para recolocar o país no caminho da recuperação econômica, do crescimento econômico e da redução do desemprego; o Congresso “balança” sobre o tema; e, nas ruas, há manifestações de todos os tipos. No entanto, o que parece não estar sendo debatido pelo governo, pelo Congresso, pela sociedade nem pela mídia é a questão matemática. A conta não fecha.
A aposentadoria nada mais é do que uma contribuição mensal por determinado tempo, que se resgata quando se para de trabalhar. Vejamos um caso comum, em que o cidadão iniciou sua contribuição aos 18 anos de idade. Contribuiu por 35 anos e, aos 53, tem idade para se aposentar. E por que a conta não fecha?
Porque contribuiu com 11% daquilo que irá se aposentar, pelo prazo de 35 anos.
Considerando que a perspectiva de vida está se aproximando dos 80 anos (com tendência a aumentar), ele receberá por 27 anos aquilo que contribuiu por 35 anos. Com uma diferença: contribuiu com 11% e irá receber 100% dessa base de contribuição.
As nações desenvolvidas, no geral, alteraram a idade mínima para 67 anos. Será que as nações desenvolvidas estão erradas? Ou buscaram o equilíbrio fiscal com desenvolvimento?
Vejo debates acalorados sobre a cobrança dos inadimplentes da Previdência. Concordo. Vejo inúmeras ações judiciais de execução de cobrança. É o governo fazendo o seu dever: envidar todos os meios possíveis para cobrar os devedores. Só que isso não justifica que a idade não deva mudar. A cobrança de todos os inadimplentes, certamente, cobrirá o rombo de apenas um ano da Previdência.
É inviável contribuir por 35 anos com 11% da renda e receber por 27 anos 100% da mesma renda. Isso no caso dos homens, pois as mulheres se aposentam com 30 anos de contribuição e, mantendo a expectativa de vida de 80 anos, recebem por 32 anos. Essa conta não fechará nunca. Questão de matemática.
Nilson José Goedert é contador, diretor da RG Contadores - Florianópolis (SC)