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09/11/2018 - Empresas longevas guardam lições importantes para sucesso duradouro

Vinícola Salton e Cobasi têm trajetória incomum no Brasil, onde maioria dos negócios não dura mais do que cinco anos



É lugar-comum dizer que empreender é uma tarefa difícil no Brasil, onde os entraves burocráticos e tributários são elevados, e as crises econômicas, frequentes. Dados oficiais dão uma dimensão do problema: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 60% dos negócios do País não conseguem ultrapassar os cinco anos de existência. Há empresas, porém, que exibem uma vitalidade invejável há décadas. Olhar mais de perto para o que as fez – e ainda faz – prosperarem pode trazer lições importantes.
 
A Vinícola Salton é um desses exemplos de longevidade. Embora não divulgue seu faturamento, as 35 milhões de garrafas produzidas em 2017 pela empresa, que comercializou outros 33,5 milhões de unidades no período, atestam a força do colosso, fundado há 108 anos em Bento Gonçalves (RS),
 
Para o presidente da empresa, Maurício Salton, uma série de fatores explica por que a vinícola conseguiu superar todas as dificuldades e continuar firme no mercado.
 
"A persistência é fundamental: é preciso manter o foco e a orientação para a visão do negócio, mesmo nos momentos mais desafiadores. A experiência ajuda a superar os desafios e nos ensina a ser mais resilientes. Essa postura é muito importante para nortear caminhos e alternativas não apenas na tomada de decisão, mas para inspirar as equipes a atuar em conjunto, como uma verdadeira família. E, por último, mas não menos importante, a criatividade, pois ao mesmo tempo que se deve manter o foco, é preciso estar atento ao nosso redor, avaliando todos os cenários e oportunidades", diz.
 
Maurício Salton afirma que não há uma área da empresa que seja isoladamente mais estratégica que as outras. "Nossos esforços são direcionados justamente para fomentar a sinergia entre as equipes, trabalhando de forma estratégica com cada uma das áreas, pois todas são fundamentais e relevantes para o sucesso da empresa. Claro, diante das dificuldades apresentadas pelo modelo tributário nacional, uma boa estrutura interna ou assessoria na área evita muitas preocupações", pontua.
 
A visão integrativa também norteia as decisões da Cobasi, que com 34 anos de história está em pleno crescimento. Nascida em São Paulo (SP), a rede de pet shops possui 73 lojas, distribuídas por seis Estados, e deve abrir mais três unidades até o fim de 2018. A estimativa da empresa é que seu faturamento seja superior a R$ 1 bilhão, um resultado 20% melhor que o de 2017.
 
"Todos os departamentos, do administrativo ao operacional, são estratégicos e importantes para a empresa. Utilizamos uma plataforma colaborativa e integrada entre todos, para compartilhamentos de novas ideias e melhores práticas", explica a gerente de marketing da Cobasi, Daniela Bochi. 
 
História é vantagem, mas não significa jogo ganho
 
A solidez conquistada por muitos anos de história ajuda as empresas a superar crises que derrubariam organizações menos robustas, mas também trazem desafios em um tempo em que a disrupção dos mercados, impulsionada pelas startups, é uma realidade.
 
"Ter uma marca bastante consolidada nos ajuda a exercer nossa missão, que é de proporcionar aos apaixonados por animais uma experiência única de compras, mediante a oferta de uma ampla linha de produtos de qualidade, o atendimento solícito e especializado, o ambiente confortável e descontraído e os preços extremamente competitivos", afirma Daniela Bochi, da Cobasi. "Como desvantagem (se é que existe uma), temos sempre de nos reinventar ", pondera.
 
O presidente da Vinícola Salton destaca que a credibilidade dos 108 anos de sua empresa é um grande diferencial tanto para clientes e consumidores quanto para fornecedores e parceiros. "Os relacionamentos construídos ao longo dessa jornada são pilares estratégicos dentro do nosso negócio", garante. "Eu não diria que há desvantagens em carregar uma longa história, mas, sim, desafios. Um deles é estimular a sinergia nas tomadas de decisão, sempre considerando os diferentes pontos de vista, separando o foco da família para os negócios."
 
Dicas que podem fazer sua empresa durar muitas décadas
 
Nunca se acomode
 
Não acreditar que a estratégia que deu certo hoje também será boa amanhã é fundamental para um negócio ser longevo, ensina Maurício Salton. Segundo ele, é preciso sempre estudar o mercado em que se atua, questionar-se sobre como sua marca é percebida pelos clientes e saber quais os diferenciais que tem perante os concorrentes. "É importante também ter uma clara noção de onde se deseja chegar e estar preparado para enfrentar eventuais turbulências", afirma o presidente da Salton.
 
Mantenha sua atenção ao cliente
 
Estar atento às demandas do consumidor e entregar o que de fato ele espera da sua empresa é a recomendação da gerente de marketing da Cobasi, Daniela Bochi.
 
O diretor da Unicon (GBrasil | Vitória – ES), Rider Pontes, afirma que esta é uma das peças-chave nas empresas que vê prosperar. "Embora o mundo caminhe, tanto quanto possível, para a padronização de procedimentos, o cliente quer ser atendido de forma personalíssima. Devemos conhecer as suas atividades nos detalhes, vivenciando suas demandas e dificuldades", afirma.
 
Foque na sua especialidade
 
Manter o foco no negócio de origem, sem diversificar para diferentes segmentos, é uma característica comum a grandes empresas bem-sucedidas durante muito tempo, aponta o presidente da consultoria Höft e autor do livro Empresas brasileiras centenárias – a história de sucesso de empresas familiares, Renato Bernhoeft. 
 
Ele ressalta que isso vale não só para organizações brasileiras, mas também para as empresas europeias e norte-americanas que ultrapassaram os 200 anos.
 
Resolva os problemas de família
 
Muitos dos negócios mais longevos são familiares, assim como a Cobasi e a Salton. Para que elas perdurem, porém, é preciso resolver questões internas. No Brasil, 70% das empresas familiares que desapareceram têm como causa principal conflitos entre parentes não resolvidos, aponta uma pesquisa da Höft. No mundo, esse mesmo índice é de 65%.
 
"Boa parte das dificuldades para um processo de continuidade tem como uma das causas a tentativa de criar um modelo de harmonia imposta, no qual os conflitos entre familiares são negados. E muito menos ainda tratados de forma transparente e preventiva", alerta Bernhoeft.

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